Desvairado Balé (1/3)

Essa foto eu fiz em março de 2017, tenho outras que serão postadas em breve.  Quando olhei o resultado na tela do computador já me ocorreu um título para a série: “Diversão”. Elas ficaram guardadas por um tempo, depois postei na minha rede social e agora resolvi publicar no Blog. Porém, me ocorreu um novo nome, batizei o conjunto de: “Desvairado Balé”.   Explico a mudança porque a primeira sensação que eu tive, de que as crianças apenas se divertiam na chuva,  foi sendo  moldada pelo tempo e a “Diversão” ganhou ares de ousadia e subversão. Lembro que enquanto eu fotografava,  alguns adultos atônitos  (abrigados da chuva) olhavam com reprovação. Contudo, os “bailarinos” imunes a qualquer postura da “crítica”, evoluíam em passos escorregadios desafiando os olhares e as águas,  correndo e girando sob a  violenta tempestade,  com gritos de satisfação que se misturavam aos rugidos dos trovões.   Agora, essa  imagem me remete a grande aventura humana de tempos imemoriais, ao desafio às forças da natureza em busca da sobrevivência,  da satisfação, da aventura,  da alegria num “Desvairado Balé”. O Brasil padece de inúmeras mazelas que atravessam gerações. Por aqui estamos sempre em um porvir  que nunca chega, ora parece mais próximo  ora mais distante, mas nunca chega. Mas talvez isso nos redima: a capacidade de criar situações utópicas apesar de tudo, ou usando as palavras de Cervantes em “Dom Quixote“: “Demasiada sanidade pode ser loucura; mas a maior loucura de todas é ver a vida como ela é, e não como poderia ser.”     

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